No gráfico \ref{797730}, o ponto \(x=0\) não é um ponto de máximo ou de mínimo. Mas é claramente um ponto de equilíbrio instável, visto que qualquer perturbação sobre a partícula vai resultar, eventualmente, em uma força de escape.
Caso a terceira derivada seja nula, devemos ir à quarta ordem de aproximação, e assim por diante. Se todas as derivadas ao redor de \(x=x'\) forem nulas, o potencial é constante e temos, por consequência, uma partícula livre. Uma partícula livre está sempre em equilíbrio.

Pontos proibidos e pontos de retorno

A função potencial de um sistema também define regiões proibidas no domínio do sistema. São as regiões nas quais a energia cinética possui valores negativos no caso de problemas unidimensionais.
Podemos ver a proibição de funções horárias com energia cinética negativa mais facilmente na integral de quadratura\[t-t_0=\sqrt{\frac{m}{2}}\int_{x_0}^x\frac{dx'}{\sqrt{E-V\left(x'\right)}}.\]O denominador no argumento da integral contém uma raiz quadrada, que deve ser real e diferente de zero. Portanto, a condição\[E-V\left(x\right)>0\label{reg}\]
é condição necessária para a existência de curvas físicas que representem o movimento do sistema.
O caso do oscilador harmônico simples, mais uma vez, fornece um exemplo clássico. Na figura \ref{812681}, apresentam-se linhas de energia constante, através das funções \(E_0=0\)\(E_1=1\)\(E_2=4\). Essas retas intersectam o potencial nos pontos \(x=0\)\(x=\pm2\)\(x=\pm 4\) respectivamente. Esses pontos marcam as ocasiões nas quais a energia cinética é nula e \(E=V\), caso limite da condição (\ref{reg}). Energia cinética nula implica em módulo da velocidade nula. Esses pontos são chamados pontos de retorno do potencial.
Vamos começar com o sistema descrito pelo gráfico \ref{E} com \(E=E_0=0\). Como a partícula é proibida de frequentar qualquer subconjunto do domínio em que \(E<V\), o único ponto permitido é a posição \(x=0\), que é precisamente o mínimo do potencial. Este é o único ponto de equilíbrio, e é um ponto de equilíbrio estável, como já vimos. Portanto, a única configuração possível para um oscilador com energia zero é o repouso no ponto de equilíbrio. Não são permitidas energias negativas neste sistema, pois o zero é o menor valor possível para o potencial.
Podemos aumentar a energia do sistema empregando um impulso com certa velocidade inicial, para imprimir à partícula certa energia cinética. Como a energia mecânica total se conserva, esta energia é precisamente a energia cinética empregada no ponto \(x=0\). Vamos supor que, no caso do sistema do gráfico \ref{707935}, esta energia seja \(E=E_1=1\). Neste caso, os pontos proibidos serão todos aqueles à esquerda de \(x=-2\) e aqueles à direita de \(x=2\), ou seja, os pontos permitidos são aqueles \(x\in \left(-2,2\right)\). Com um pouco mais de impulso, podemos imprimir ao sistema uma energia maior, digamos \(E=E_2=4\). Neste caso, o intervalo permitido é dado por \(x\in \left(-4,4\right)\). Em qualquer desses casos, se \(E>V_{min}\), a partícula percorre sua trajetória em um intervalo de valores permitido pela limitação da sua energia cinética. Ao encontrar um ponto de retorno, a partícula atinge um ponto de velocidade nula e retoma o movimento em sentido contrário. Sempre que um sistema possui dois pontos de retorno fixos em sua trajetória, o movimento é denominado oscilatório.
Portanto, os pontos de retorno do oscilador harmônico simples são raízes da equação\[E-V\left(x\right)=0 \ \ \ \implies \ \ \ \frac{1}{2}m\omega^2x^2=E,\]que resulta em\[x^2=\frac{2E}{m\omega^2} \ \ \ \implies \ \ \ x_\pm=\pm\sqrt{\frac{2E}{m\omega^2}}.\]Portanto, o potencial quadrático possui dois pontos de retorno, que denominamos \(x_\pm\).

O Potencial de Lennard-Jones

Um exemplo mais interessante vem a ser o potencial de Lennard-Jones. Este é um potencial efetivo (falaremos disso mais adiante), o que significa que ele modela uma interação unidimensional em um sistema tridimensional. O sistema em questão é uma molécula diatômica neutra. Este potencial tem a forma\[V\left(r\right)=\frac{\alpha}{r^{12}}-\frac{\beta}{r^{6}},\]com constantes \(\alpha\)\(\beta\) reais positivas. A coordenada \(r\) representa a distância de separação entre os núcleos dos átomos que formam a molécula. Uma molécula diatômica é um sistema em três dimensões, que possui seis graus de liberdade, o que pode ser um sistema bastante complicado. Contudo, a aproximação para um potencial do tipo Lennard-Jones é bastante utilizada. Um exemplo de gráfico deste potencial está na figura \ref{961261}.