No que diz respeito aos mexicanos, a imigração para os Estados Unidos está estabilizada, conforme dados \cite{krogstad_2016} do PEW Research Center (dados contestados pelo CIS). Após a grave crise bancária de 2008, o fluxo se inverteu. Tem mais norte-americanos indo viver no México do que em sentido inverso\cite{gonzalez-barrera_2015}.
Ao contrário do que previsto pelos estudiosos que apoiam Trump, a imigração legal e ilegal se estabilizou nos Estados Unidos após 2011 \cite{mitchell_2016}. Estimava-se 3,5 milhões de imigrantes em 1990. Esse número cresceu para mais de 12 milhões em 2011. Desde 2012, no entanto, o número de imigrantes permanece em torno de 11 milhões.
Deve-se levar em consideração que, segundo dados da Bloomberg, em 2015,  trabalhadores mexicanos recebiam 20% do salário de um trabalhador equivalente na indústria automobilística dos Estados Unidos \cite{yuk_2016}.
Os imigrantes, em geral, não ocupam posições na indústria que tiram emprego dos norte-americanos \cite{passel_cohn_2016}. A maior parte dos mexicanos e latino-americanos trabalham na agricultura, no setor de serviços, construção civil e outros trabalhos cuja baixa remuneração, jornada de trabalho excessiva, precariedade e falta de prestígio, não são atrativas para muitos trabalhadores americanos brancos ou negros.
Existem muitos migrantes vivendo nos Estados Unidos, mas não há aumento do fluxo de imigração e as medidas de controle exercidas pelo governo norte-americano nos últimos anos tem surtido o efeito. Na Europa, há um problema migratório diferente dos Estados Unidos \cite{bbc_2016}, com um aumento do fluxo migratório, principalmente de refugiados que fogem das áreas de conflito no Oriente Médio e África.
A questão da imigração nos Estados Unidos, sobretudo de trabalhadores mexicanos e dos demais países da América Latina, é bem diferente da situação dos refugiados, que por sua vez, é bem distinta do terrorismo \cite{krogstad_radford_2017}.
A ordem executiva do Presidente Trump de suspender a entrada de pessoas da Síria, Iraque, Irã, Líbia, Sudão e Iêmen, países de maioria religiosa muçulmana, misturou em uma medida argumentos contra a imigração, os refugiados e o terrorismo. Significou de imediato a revogação de 60 mil vistos já emitidos \cite{valor_2017}. O objetivo da medida é barrar a imigração e aumentar a segurança no país, impedindo a entrada de terroristas infiltrados entre os refugiados. Mas não há registros de terroristas indo para os Estados Unidos oriundos dos países listados \cite{lissardy}\cite{bbc_2016}.
Os Estados Unidos não são o principal destino dos refugiados no mundo. Os dez países que mais receberam refugiados em 2015 foram a Jordânia, Líbano e Palestina, Paquistão, Turquia, Irã, Síria, Etiópia, Quênia e Chad. Os Estados Unidos receberam 264 mil refugiados, o que equivale a 0,1% da sua população. A Alemanha 217 mil refugiados, que representa 0,3% da população alemã. Só a Jordânia recebeu 2,7 milhões de refugiados, número que representa mais de 30% da população do país \cite{mpi_2016}. O grande problema mundial dos refugiados não está na Europa, nem dos Estados Unidos.